segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O REINO DOS FUNGOS II

A diversidade de cogumelos em Sergipe é grande e pouco conhecida!
  
Necessitamos proteger e conservar a biodiversidade e os recursos naturais, o que deve ser prioridade e preocupação generalizada não só da comunidade científica, mas da sociedade.

Cogumelos azuis (raros) e vermelhos, impressionam pela beleza! (Foto: Clóvis Franco)

AVISO IMPORTANTE:
As informações aqui postadas, por si só não permitem a identificação segura de cogumelos. Não tente identificar cogumelos pelas imagens apenas. Existem muitas espécies perigosas ou letais! A identificação precisa requer muita experiência e rigor na informação. NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS pelo uso incorreto das informações aqui disponibilizadas! Não utilizem cogumelos como alimento ou chás! MICOTOXINAS PODEM MATAR!

COGUMELOS FAZEM FOTOSSÍNTESE?

O que é isso? uma "orelha de pau" fotossintetizante? Coenogonium leprieurii (Mont.) Nill. (Foto: Clóvis Franco)

CLARO QUE NÃO FAZEM FOTOSSÍNTESE! Fungos são parasitas ou saprófitos! Então, como explicar a existência dessa "orelha de pau" verde?
Não é um cogumelo e sim um LÍQUEN! São associações simbióticas entre algas e fungos, no caso, um fungo filamentoso (asco ou basidiomiceto) vivendo conjuntamente com uma alga verde do gênero Trentepohlia. O líquen em questão é Coenogonium leprieurii (Mont.) Nill.
Especialmente, nas regiões de mais altitude em Sergipe, como é o caso das serras, existem muitos tipos de líquens.

Líquens e musgos sobre madeira queimada, na Serra de Itabaiana.

Corpos de frutificação (cogumelos ou basidiomas e ascomas) variam enormemente de forma e tamanho! Podem ser do tamanho ou maiores que um prato, ou bem pequenos, como  uma moeda de cinco centavos! Veja o link para uma melhor ideia de corpo de frutificação: http://people.ufpr.br/~microgeral/Bio009fungosRoteiros22011.pdf

Alguns "corpos de frutificação" observados no Parque Nacional da Serra de Itabaiana, podem não ser cogumelos, ou mesmo fungos. 

Arcyrea denudata (L.) Wettst., esporângios com aprox. 0,5 cm de altura! (Foto: Clóvis Franco)


No caso, são Mixomicetos e de acordo com as classificações mais modernas são considerados Protoctistas! A primeira pesquisa sobre a Mixobiota do Parque Nacional da Serra de Itabaiana, pode ser consultado em: 

Olhando cuidadosamente o solo da floresta, mesmo o gramado de uma residência, ou parque, você pode se deparar com as mais variadas formas. Vejam o folhedo  (Serra): 

Um cogumelo muito pequeno e delicado, Marasmius sp. ocupando uma grande área. 
(Foto: Clóvis Franco)


Marasmius haematocephalus (Mont.) Frie. (Foto: Clóvis Franco)

Estes pequenos cogumelos são Basidiomicetos com lâminas na parte de baixo do píleo ou chapéu. São Agáricos, portanto! 


Entoloma serrulatum (Pers.) Hesler, outro cogumelo azul (Foto: Clóvis Franco)

Às vezes, a surpresa é enorme! Nos galhos secos encontramos Geaster sp., um  decompositor que pertence a um grupo de cogumelos denominados de gasterocárpicos, formando gleba no interior do corpo esférico (ex: puff balls).

Geastrum sp. um fungo saprofítico. (Foto: Clóvis Franco)


Higrocybe conica (Scop.) Kumm. (Foto: Clóvis Franco)



Entoloma cf. virescens (Sacc.) E. Horak., encontrados na Serra. (Foto: Clóvis Franco)


Hygrocybe punicea (Fr.) P. Kumm. (Foto: Clóvis Franco)

Polyporus tricholoma Mont., poliporácea (Foto: Clóvis Franco)

Basidiomicetos do gênero Polyporus são fonte de metabólitos secundários de interesse medicinal como os compostos antibacterianos. Ver link:
http://www.scielo.br/pdf/bjm/v39n3/arq29.pdf


Os fungos saprófitos são responsáveis pela reciclagem dos produtos da fotossíntese, o que é de suma importância!
A madeira cortada deixada "à toa" na barragem do Poxim foi imediatamente atacada por fungos, vejam os cogumelos que eclodiram.
Lentinus strigosus  (Schweinitz) Frie. Primeira ocorrência para Sergipe. (Foto: Clóvis Franco)
Importantes na farmacologia. Hipnotilina e panepoxidona, são substâncias isoladas de L. strigosus - são citotóxicos e/ou imunosupressores e/ou inibitórios da enzima tripanotiona redutase e inibem o crescimento das formas amastigotas de Trypanosoma cruzi. Ver link:
http://www.bioline.org.br/pdf?oc08045

Pleurotus cf. djamor (Rumph. ex Fr.) Boedijn. Primeira ocorrência para Sergipe. (Foto: Clóvis Franco)

Pleurotus ostreatus (primeira ocorrência para Se.) possui princípios medicinais (comprovados cientificamente), incluindo as beta-glucanas em quantidade similar à encontrada em Agaricus blazei e compostos de baixo peso molecular  como a lovastatina, que é anticolesterolêmico. São capazes de predar nematoides, causando a paralisia dos mesmos com substâncias anestésicas.
 Pleurotus ostreatus (Jaqc.) Quélet. encontrado também no Mosqueiro (Foto: Clóvis Franco)


Auricularia polytricha (Mont.) Sacc. Primeira ocorrência para Sergipe.(Foto: Clóvis Franco)
A. polytricha, conhecida como orelha de judeu,  é um fungo ligninolítico, importante na economia e farmacologia (combate trombose, antioxidante, anti-inflamatório) Huang, et al., 2010. Está também associado à pesquisa de biocombustíveis. Ocorre em todo estado de Sergipe, nas matas, praças e quintais (ex: mangueiras).

Auricularia aricula-judae (Bull.) Quél. (Foto: Clóvis Franco)
Auricularia spp. produzem esporos em estruturas do tipo fragmobasídios. Para entender melhor as diversas características reprodutivas dos fungos, ver links: 
http://wmda.mobi/pt/Basidiomiceto
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAwxsAI/classificacao-dos-fungos
Caracterizam-se por sua consistência gelatinosa e mole quando fresco. Quando secos tornam-se membranosos e rijos, recuperando rapidamente sua consistência quando em contato com água, mesmo já estando secos há anos! ver link:
Para o livro de Webster & Weber, Introduction to fungi em pdf, ver link:
http://www.mediafire.com/?ttas24lx0cpgccx

Fungos com corpos de frutificação de aparência exótica (ex: tipo coral) são comuns em Sergipe, especialmente no Parque Nacional da Serra de Itabaiana. Surgem durante o período chuvoso.  Sparassis cf. crispa Fr. ocorre sob arbustos.

Sparassis cf. crispa Fr. (Foto: Clóvis Franco)

Tremella Pers., é outro gênero que ocorre em áreas úmidas. São fungos  que produzem estados anamórficos leveduriformes, ou então corpos de frutificação gelatinosos. É um heterobasidiomiceto associado com madeira em decomposição produzindo a podridão marrom.

Tremella sp. Serra de Itabaiana.  (Foto: Clóvis Franco)

No período chuvoso, vamos encontrar outros cogumelos gelatinosos nas partes mortas de árvores como cajueiros,  mangueiras, dentre outras, nos quintais e jardins. Abaixo, uma imagem (sem muita resolução), obtida em Areia Branca-Mosqueiro.

Ascrotremella sp. 


Um cogumelo venenoso que parece uma batata, costuma aparecer no solo. Scleroderma sp., quando maduro dispersa uma nuvem de esporos no ar. Um fungo micorrízico muito interessante. Ver link:
http://www.simposiosolos.ufv.br/palestras/SMCS%20-%20micorriza%20e%20a%20produ%C3%A7%C3%A3o%20sustent%C3%A1vel.pdf


Scleroderma sp. no solo da Serra de Itabaiana. (Foto: Clóvis Franco)
Bovista sp. encontrado em solo arenoso das dunas do Mosqueiro-Aracaju (Foto: Clóvis Franco)



Referências:
Research progress in Auricularia auricula polysaccharide. Huang X.G, Quan Y.L, Guan B, Hu Y. Science and Technology of Cereals, Oils and Foods. 2010-01



POSTAGEM EM CONSTRUÇÃO!


5 comentários:

  1. Fotos muito bonitas e texto bem didático. Parabéns, excelente postagem!

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    1. É exatamente esta a ideia que norteia o BLOG! Conhecer para conservar!
      Um abração amigo Hugo César!

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  2. Parabéns professor! Sua iniciativa está sendo muito importante no processo de conscientização.Muita força em seus trabalhos!

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    1. Muito obrigado Giclécio! Fique à vontade em usar para fins educativos. Essa é a intenção! Abraço

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  3. Adorei a página, parabéns pelo trabalho maravilhoso, me ajudou na identificação de uma determinada espécie, costumo estudar sobre os cogumelos, principalmente para fins comestiveis. Abraço!

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