domingo, 26 de fevereiro de 2012

O REINO DOS FUNGOS IV

A diversidade de cogumelos em Sergipe é grande e pouco conhecida!
Necessitamos proteger e conservar a biodiversidade e os recursos naturais, o que deve ser prioridade e preocupação generalizada não só da comunidade científica, mas da sociedade.

  
AVISO IMPORTANTE:
As informações aqui postadas, por si só não permitem a identificação segura de cogumelos. Não tente identificar cogumelos pelas imagens apenas. Existem muitas espécies perigosas ou letais! A identificação precisa requer muita experiência e rigor na informação. NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS pelo uso incorreto das informações aqui disponibilizadas! Não utilizem cogumelos como alimento ou chás! MICOTOXINAS PODEM MATAR!

Ocorrência de cogumelo raro em SergipeGyrodontium sacchari (Spreng.) Hjortstam 1995, Basidiomycota, Agaricomycetes, Boletales, Coniophoraceae. A primeira descrição foi baseada em espécime encontrado no Brasil. Ver link:



Gyrodontium sacchari (Spreng.) Hjortstam. (Foto: Clóvis Franco) Primeira ocorrência para Sergipe, talvez uma rara ocorrência para o Brasil.

A foto abaixo mostra o local onde foi encontrado G. sacchari. Com a chegada do desenvolvimento na área em questão, o habitat foi erradicado! Até o momento não sabemos de mais ocorrências para Sergipe.
Gyrodontium sacchari (Spreng.) Hjortstam. foi encontrado dentro de um tronco, no Sítio Tujubeba, São Cristóvão.


Basidiomiceto, Hymenochaetaceae, encontrado na região de Tabuleiros Costeiros em São Cristóvão. 

Basidiomiceto, Hymenochaetaceae (Foto: Clóvis Franco).


Laetiporus sulphureus, encontrado amplamente em varias regiões do estado, especialmente sobre madeira em decomposição. 

Laetiporus sulphureus (Bull.) Murrill. (Foto: Clóvis Franco)





Tyromyces sp. também ocorre em todo estado, inclusive sobre madeira morta, nos quintais.

Tyromyces sp. (Foto: Clóvis Franco).


Abaixo, mais um basidiomiceto (Polyporaceae) que foi observado nos arredores de Aracaju, crescendo nas cercas dos quintais. primeira ocorrência para Sergipe.

Lentinus bertieri (Fr.) Fr. Nova ocorrência para Sergipe (Foto: Clóvis Franco) 

Lentinus bertieri (Fr.) Fr. (Foto: Clóvis Franco)


Basidiomiceto (Polyporaceae) muito comum na Serra de Itabaiana, Polyporus tenuiculus (P. Beauv.) Fr., encontrado sobre troncos mortos de angiospermas.

Polyporus tenuiculus (P. Beauv.) Fr. (Foto: Clóvis Franco)


P. tenuiculus, parte de baixo do píleo, com poros.




Basidiomiceto, Hygrophoraceae, Hygrocybe spp. muito comuns em Sergipe, especialmente na Serra de Itabaiana.

Hygrocybe cf. miniata (Fries.) Kumm. (Foto: Clóvis Franco)


Hydropus cf. cavipes (Pat. & Gaillard) Dennis, cogumelo (Basidiomiceto) encontrado na Serra de Itabaiana. Primeira ocorrência para Sergipe. 


Hydropus cf. cavipes (Pat. & Gaillard) Dennis (Foto: Clóvis Franco)




Pleurotus djamor (Rumph. ex Fr.) Boedijn (Foto: Clóvis Franco)

Mais uma nova ocorrência para Sergipe: Pleurotus djamor (Rumph. ex Fr.) Boedijn, econtrado no Parque da Cidade, Aracaju.







POSTAGEM EM CONSTRUÇÃO!



sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O REINO DOS FUNGOS III

A diversidade de cogumelos em Sergipe é grande e pouco conhecida!
Necessitamos proteger e conservar a biodiversidade e os recursos naturais, o que deve ser prioridade e preocupação generalizada não só da comunidade científica, mas da sociedade.



AVISO IMPORTANTE:
As informações aqui postadas, por si só não permitem a identificação segura de cogumelos. Não tente identificar cogumelos pelas imagens apenas. Existem muitas espécies perigosas ou letais! A identificação precisa requer muita experiência e rigor na informação. NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS pelo uso incorreto das informações aqui disponibilizadas! Não utilizem cogumelos como alimento ou chás! MICOTOXINAS PODEM MATAR!


A expansão imobiliária gera preocupação? O que poderemos estar perdendo de biodiversidade com o avanço da indústria imobiliária? 
Nas áreas mais distantes do asfalto, nos sítios e quintais, ainda existem muitos organismos importantes na manutenção da verdadeira qualidade de vida.

Cogumelos decompositores em tronco apodrecido. Região costeira, Aracaju.(Foto: Clóvis Franco)


A foto mostra um detalhe dos cogumelos (venenosos!) acima. Agáricos, com lâminas na parte de baixo do píleo e esporos ferrugíneos, pertencentes à família Strophariaceae, gênero Gymnopilus P. Karst.
Gymnopilus cf. junonius (Fr.) P.D. Orton (Foto: Clóvis Franco)

Um cogumelo de comportamento muito "esquisito"! Logo após o amadurecimento, em poucas horas, dissolve completamente: deliquescência!
Coprinus lagopus (Fr.) Fr. (Foto: Clóvis Franco)
Coprinus lagopus, comumente denominado "tampa de caneta", "pé de coelho", ocorre nos gramados, quintais, também em troncos apodrecidos. Você já tinha visto esse cogumelo? Dissolve através de um fenômeno denominado deliquescência. A deliquescência é definida pela característica intrínseca de uma substância altamente higroscópica em se dissolver na própria água absorvida. Ou seja, se for deixado exposto ao ambiente, em um curto espaço de tempo, toma a forma líquida (como se estivesse “derretendo”).



Coprinus lagopus, no Mosqueiro-Se. Primeira ocorrência para Sergipe. (Foto: Clóvis Franco);
O fenômeno relatado acima é um mecanismo de dispersão rápida de esporos!


Um cogumelo comum em nossa região, crescendo sobre excremento, é Panaeolus antillarum.
Panaeolus antillarum (Fries.) Dennis. (Foto: Clóvis Franco)
Por acaso, o plano de fundo é um close-up de P. antillarum, não façam trocadilhos!


P. antillarum, gotas d'água formando a imagem das lâminas! (Foto: Clóvis Franco)


Outro cogumelo esquisito, encontrado nos sítios e quintais da região, Clathrus ruber, conhecido vulgarmente como "gaiola de bruxa" ou "lanterna de bruxa"!


Clathrus ruber P. Micheli ex Pers. (Foto: Clóvis Franco).

Uma gleba escura de odor fétido recobre a superfície interior da “gaiola”. A zona basal do cogumelo encontra-se rodeada de uma volva branca e cordões miceliares (foto abaixo). A dispersão dos esporos é feita pelo vento ou insetos (principalmente moscas) atraídos pelo forte odor de carne podre.

Clathrus ruber, volva branca na base.

Coprinus é um gênero que vive em matéria orgânica, saprofiticamente.

Coprinus niveus (Pers.: Fries) Fries. (Foto: Clóvis Franco).

                                       Coprinus niveus (Pers.: Fries) Fries. (Foto: Clóvis Franco). 
Uma visão das lâminas, sem a estipe, na superfície inferior do píleo em C. niveus. A cor escura corresponde à cor dos esporos. A cor e a forma dos esporos são indícios importantes na identificação do cogumelo.




Coprinus plicatilis (Curt.: Fr.) Fr. (Foto: Clóvis Franco)

C. plicatilis, um dos cogumelos mais comuns nos gramados e solo adubado. A foto seguinte mostra uma visão das lâminas, na parte inferior do píleo.

C. plicatilis, uma visão das lâminas na parte inferior do píleo. (Foto: Clóvis Franco).


Aqueles troncos apodrecidos, abandonados no fundo do quintal, um dia vão ser atacados por fungos decompositores. Às vezes os cogumelos possuem formas muito diferentes do que você espera encontrar. O corpo de frutificação abaixo, Dacryopinax spathularia é um exemplo de Basidiomiceto da família Dacrymycetaceae. Causa uma extensa decomposição na madeira.

Dacryopinax spathularia (Schwein.) G.W.Martin  (Foto: Clóvis Franco).


Em muitas ocasiões observamos este tipo de organismo sobre a superfície das árvores, galhos, etc. Não podem ser considerados cogumelos, são líquens. Entretanto, os líquens são formados de fungos liquenizados, associados às algas verdes ou cianobactérias.
As estruturas em forma de taça (de cor avermelhada) representam o "corpo de frutificação" do fungo associado à alga. Este líquen é tolerante à poluição atmosférica.

Candelaria cf. concolor (Dicks.) B. Stein. Um líquen folhoso. (Foto: Clóvis Franco).

Pholiota squarrosa, um cogumelo comum em todo o estado de Sergipe (em primeira mão), crescendo sobre coqueiro em decomposição. 


Pholiota squarrosa (Muller ex Fr.) Kummer. 


A "bolha assassina"!




POSTAGEM EM CONSTRUÇÃO: ACEITAMOS CONTRIBUIÇÕES, SUGESTÕES, COMENTÁRIOS!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O REINO DOS FUNGOS II

A diversidade de cogumelos em Sergipe é grande e pouco conhecida!
  
Necessitamos proteger e conservar a biodiversidade e os recursos naturais, o que deve ser prioridade e preocupação generalizada não só da comunidade científica, mas da sociedade.

Cogumelos azuis (raros) e vermelhos, impressionam pela beleza! (Foto: Clóvis Franco)

AVISO IMPORTANTE:
As informações aqui postadas, por si só não permitem a identificação segura de cogumelos. Não tente identificar cogumelos pelas imagens apenas. Existem muitas espécies perigosas ou letais! A identificação precisa requer muita experiência e rigor na informação. NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS pelo uso incorreto das informações aqui disponibilizadas! Não utilizem cogumelos como alimento ou chás! MICOTOXINAS PODEM MATAR!

COGUMELOS FAZEM FOTOSSÍNTESE?

O que é isso? uma "orelha de pau" fotossintetizante? Coenogonium leprieurii (Mont.) Nill. (Foto: Clóvis Franco)

CLARO QUE NÃO FAZEM FOTOSSÍNTESE! Fungos são parasitas ou saprófitos! Então, como explicar a existência dessa "orelha de pau" verde?
Não é um cogumelo e sim um LÍQUEN! São associações simbióticas entre algas e fungos, no caso, um fungo filamentoso (asco ou basidiomiceto) vivendo conjuntamente com uma alga verde do gênero Trentepohlia. O líquen em questão é Coenogonium leprieurii (Mont.) Nill.
Especialmente, nas regiões de mais altitude em Sergipe, como é o caso das serras, existem muitos tipos de líquens.

Líquens e musgos sobre madeira queimada, na Serra de Itabaiana.

Corpos de frutificação (cogumelos ou basidiomas e ascomas) variam enormemente de forma e tamanho! Podem ser do tamanho ou maiores que um prato, ou bem pequenos, como  uma moeda de cinco centavos! Veja o link para uma melhor ideia de corpo de frutificação: http://people.ufpr.br/~microgeral/Bio009fungosRoteiros22011.pdf

Alguns "corpos de frutificação" observados no Parque Nacional da Serra de Itabaiana, podem não ser cogumelos, ou mesmo fungos. 

Arcyrea denudata (L.) Wettst., esporângios com aprox. 0,5 cm de altura! (Foto: Clóvis Franco)


No caso, são Mixomicetos e de acordo com as classificações mais modernas são considerados Protoctistas! A primeira pesquisa sobre a Mixobiota do Parque Nacional da Serra de Itabaiana, pode ser consultado em: 

Olhando cuidadosamente o solo da floresta, mesmo o gramado de uma residência, ou parque, você pode se deparar com as mais variadas formas. Vejam o folhedo  (Serra): 

Um cogumelo muito pequeno e delicado, Marasmius sp. ocupando uma grande área. 
(Foto: Clóvis Franco)


Marasmius haematocephalus (Mont.) Frie. (Foto: Clóvis Franco)

Estes pequenos cogumelos são Basidiomicetos com lâminas na parte de baixo do píleo ou chapéu. São Agáricos, portanto! 


Entoloma serrulatum (Pers.) Hesler, outro cogumelo azul (Foto: Clóvis Franco)

Às vezes, a surpresa é enorme! Nos galhos secos encontramos Geaster sp., um  decompositor que pertence a um grupo de cogumelos denominados de gasterocárpicos, formando gleba no interior do corpo esférico (ex: puff balls).

Geastrum sp. um fungo saprofítico. (Foto: Clóvis Franco)


Higrocybe conica (Scop.) Kumm. (Foto: Clóvis Franco)



Entoloma cf. virescens (Sacc.) E. Horak., encontrados na Serra. (Foto: Clóvis Franco)


Hygrocybe punicea (Fr.) P. Kumm. (Foto: Clóvis Franco)

Polyporus tricholoma Mont., poliporácea (Foto: Clóvis Franco)

Basidiomicetos do gênero Polyporus são fonte de metabólitos secundários de interesse medicinal como os compostos antibacterianos. Ver link:
http://www.scielo.br/pdf/bjm/v39n3/arq29.pdf


Os fungos saprófitos são responsáveis pela reciclagem dos produtos da fotossíntese, o que é de suma importância!
A madeira cortada deixada "à toa" na barragem do Poxim foi imediatamente atacada por fungos, vejam os cogumelos que eclodiram.
Lentinus strigosus  (Schweinitz) Frie. Primeira ocorrência para Sergipe. (Foto: Clóvis Franco)
Importantes na farmacologia. Hipnotilina e panepoxidona, são substâncias isoladas de L. strigosus - são citotóxicos e/ou imunosupressores e/ou inibitórios da enzima tripanotiona redutase e inibem o crescimento das formas amastigotas de Trypanosoma cruzi. Ver link:
http://www.bioline.org.br/pdf?oc08045

Pleurotus cf. djamor (Rumph. ex Fr.) Boedijn. Primeira ocorrência para Sergipe. (Foto: Clóvis Franco)

Pleurotus ostreatus (primeira ocorrência para Se.) possui princípios medicinais (comprovados cientificamente), incluindo as beta-glucanas em quantidade similar à encontrada em Agaricus blazei e compostos de baixo peso molecular  como a lovastatina, que é anticolesterolêmico. São capazes de predar nematoides, causando a paralisia dos mesmos com substâncias anestésicas.
 Pleurotus ostreatus (Jaqc.) Quélet. encontrado também no Mosqueiro (Foto: Clóvis Franco)


Auricularia polytricha (Mont.) Sacc. Primeira ocorrência para Sergipe.(Foto: Clóvis Franco)
A. polytricha, conhecida como orelha de judeu,  é um fungo ligninolítico, importante na economia e farmacologia (combate trombose, antioxidante, anti-inflamatório) Huang, et al., 2010. Está também associado à pesquisa de biocombustíveis. Ocorre em todo estado de Sergipe, nas matas, praças e quintais (ex: mangueiras).

Auricularia aricula-judae (Bull.) Quél. (Foto: Clóvis Franco)
Auricularia spp. produzem esporos em estruturas do tipo fragmobasídios. Para entender melhor as diversas características reprodutivas dos fungos, ver links: 
http://wmda.mobi/pt/Basidiomiceto
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAwxsAI/classificacao-dos-fungos
Caracterizam-se por sua consistência gelatinosa e mole quando fresco. Quando secos tornam-se membranosos e rijos, recuperando rapidamente sua consistência quando em contato com água, mesmo já estando secos há anos! ver link:
Para o livro de Webster & Weber, Introduction to fungi em pdf, ver link:
http://www.mediafire.com/?ttas24lx0cpgccx

Fungos com corpos de frutificação de aparência exótica (ex: tipo coral) são comuns em Sergipe, especialmente no Parque Nacional da Serra de Itabaiana. Surgem durante o período chuvoso.  Sparassis cf. crispa Fr. ocorre sob arbustos.

Sparassis cf. crispa Fr. (Foto: Clóvis Franco)

Tremella Pers., é outro gênero que ocorre em áreas úmidas. São fungos  que produzem estados anamórficos leveduriformes, ou então corpos de frutificação gelatinosos. É um heterobasidiomiceto associado com madeira em decomposição produzindo a podridão marrom.

Tremella sp. Serra de Itabaiana.  (Foto: Clóvis Franco)

No período chuvoso, vamos encontrar outros cogumelos gelatinosos nas partes mortas de árvores como cajueiros,  mangueiras, dentre outras, nos quintais e jardins. Abaixo, uma imagem (sem muita resolução), obtida em Areia Branca-Mosqueiro.

Ascrotremella sp. 


Um cogumelo venenoso que parece uma batata, costuma aparecer no solo. Scleroderma sp., quando maduro dispersa uma nuvem de esporos no ar. Um fungo micorrízico muito interessante. Ver link:
http://www.simposiosolos.ufv.br/palestras/SMCS%20-%20micorriza%20e%20a%20produ%C3%A7%C3%A3o%20sustent%C3%A1vel.pdf


Scleroderma sp. no solo da Serra de Itabaiana. (Foto: Clóvis Franco)
Bovista sp. encontrado em solo arenoso das dunas do Mosqueiro-Aracaju (Foto: Clóvis Franco)



Referências:
Research progress in Auricularia auricula polysaccharide. Huang X.G, Quan Y.L, Guan B, Hu Y. Science and Technology of Cereals, Oils and Foods. 2010-01



POSTAGEM EM CONSTRUÇÃO!